O Brasil já foi o maior exportador de cacau do mundo e o Sul da Bahia a região maior produtora do Estado. E, hoje, o Brasil é o sétimo maior produtor de cacau do mundo.
A produção de cacau passou por um grande boom na primeira metade do século XX, mormente nas décadas de 10, 20 e 30. Neste período, que ainda é conhecido como
ciclo do cacau, o plantio se dava basicamente na região Sul da Bahia. A riqueza auferida pelos grandes magnatas do cacau os grandes
coronéis povoou o imaginário popular durante décadas.
Originário da região amazônica e matéria prima principal na fabricação de um dos produtos mais vendidos e desejados em todo o mundo
chocolate, o cacau não só se adaptou bem a região Sul da Bahia como ali prosperou. No entanto, como qualquer produto de exportação o cacau sofreu alguns altos e baixos ao longo do século XX, consequência das crises internacionais ou das oscilações do mercado.
Sob as sombras da maior floresta tropical do planeta, crescem cacaueiros a perder de vista. A árvore, da espécie Theobroma cacao, pode chegava a 20 metros de altura e é conhecida por seu fruto que dá origem a um dos alimentos mais apreciados em todo o mundo, o chocolate. Está na Amazônia há pelo menos 7 mil anos. Muito antes do que se pensava.
Por muito tempo, acreditou-se que o cacau teria surgido originalmente na América Central, há cerca de 3 mil anos. Em 2013, um estudo de pesquisadores do Equador e da França revelou vestígios arqueológicos de cultivo e manejo da planta na província de Zamora Chinchipe, na porção equatoriana do território amazônico. A pesquisa mostrou que a domesticação do cacau e seu consumo já aconteciam no Equador pelo menos 1.500 anos antes do previsto. Ele teria se estendido pela floresta peruana até a parte alta do rio Amazonas e mais tarde, chegado a países como Mé xico, Honduras, Guatemala e Nicarágua e, depois, América do Norte.
Não se sabe ao certo como e quando o cacau chegou à Amazônia brasileira. Seu cultivo, no entanto, começou provavelmente no final do sé culo XVII com a colonização portuguesa, primeiro introduzido no Pará, mas consagrando a produção em outro bioma, a Mata Atlântica, mais precisamente no estado da Bahia, sobretudo a partir do século XIX. A é poca de ouro do cacau, na primeira metade do sé c. XX, rendeu muito dinheiro a grandes produtores da região de Ilhé us, no sul do estado, e levou o Brasil ao segundo lugar no ranking dos maiores produtores do mundo. Estima-se que a exportação de amêndoas de cacau chegava a 370 mil toneladas/ano, equivalente a 25% de toda produção mundial.
Só no final dos anos 1980, quando a cultura foi fortemente afetada por um fungo, é que a produção nacional perdeu sua força. A praga, chamada Vassoura de Bruxa, espalhou-se rapidamente e devastou plantações inteiras, provocando queda de mais da metade da produção, o que levou milhares de pessoas à pobreza. Curiosamente, o mesmo fungo já havia destruído cultivos de cacau no Equador, dé cadas antes.
Para lidar com o problema, foi criada a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), órgão vinculado ao Ministé rio da Agricultura, que trabalha para o desenvolvimento rural sustentável nas regiões produtoras de cacau atravé s de assistência té cnica, capacitação e programas de melhoria de desempenho e eficiência econômica. Entre as estraté gias para a retomada da produção, a comissão estabeleceu como diretriz o uso de variedades misturadas e/ou clonadas da planta e, por isso, mais resistentes. Predominam três tipos: forasteiro, criollo e trinitário. Depois de longos anos de amargura, a atividade apresenta novamente sinais de crescimento.
Comparado com outros países produtores, o Brasil tem a cadeia toda estabelecida aqui, desde a produção ao consumo. É o quinto maior consumidor do mundo e a gente tem uma capacidade ociosa da indástria. Então, se a gente produzir cacau, a indústria absorve. Não tem problema de oferta, ao contrário, hoje falta cacau. A indástria importa cacau da África para suprir essa necessidade. Acho que no curto/mé dio prazo, por conta dos investimentos que vêm ocorrendo na cadeia, a gente vai ficar autossuficiente rápido e o Pará tem muito a contribuir com isso, explica Guilherme Salata, coordenador da Cocoa Action Brasil, uma iniciativa páblico-privada da World Cocoa Foundation financiada por oito indástrias alimentícias.
...Conteédo da página...
Voltar ao Topo